
Por alguns anos, dediquei-me à educação infantil e muitas foram, as situações, nas quais, em sala de aula, conversando com os pequenos, eu lhes perguntava sobre o que gostariam de ser quando crescessem. E logo eles respondiam, com tamanha alegria:-Tia, eu quero ser médica, dizia uma garota. Outro garoto partilhava:-Tia, quero ser como o meu pai, contador.Teve até aquele que disse:- “Quelo” ser “motolista” de lotação.
Mas confesso que em todo esse tempo ninguém havia dito que gostaria de ser bibliotecário. Talvez até fosse porque o nome era difícil de ser falado por eles. Mas também pode ser pelo que considero como fato: pouco ou quase nunca se falava desta profissão em aula, em atividades de datas comemorativas no dia do trabalho e por aí vai. Além disso, os profissionais atuantes da área, muitas vezes, se mantinham distantes mesmo, por excesso de trabalho técnico ou por questões como manter a disciplina, impor respeito e coisas assim.
Não faz muito tempo, ouvi em uma palestra, outra vez em sala de aula e li em um site na internet, as palavras de um bibliotecário que falava que nunca havia escutado uma criança manifestar vontade de ser bibliotecário. O autor utilizou-se de seu texto para expressar sua angústia em relação à situação na qual se encontram as bibliotecas escolares no país.
Pois bem, querendo eu, ser portadora de boas novas, mesmo que elas sejam tão simples, digo que podemos nos alegrar. Ouvi um relato de um colega de classe, que presenciou uma cena um tanto inusitada, em uma biblioteca escolar infantil: uma garotinha em conversa com a bibliotecária. Num dado instante, a menina, depois de observar o trabalho da bibliotecária, surpreendeu a todos dizendo que, quando fosse grandinha seria sim, bibliotecária, pois gostava muito de estar ali, naquele ambiente, junto a todos aqueles livrinhos, vendo como os coleguinhas eram recebidos e como ficavam felizes ao saírem dali, levando nas mãos aquele mundinho de sonhos.
Vir aqui é bom demais, dizia entusiasmada a criança. A menina elogiara sinceramente o cuidado da bibliotecária com tudo naquele lugar, afirmando que era assim que ela gostaria de ser. A bibliotecária surpresa e feliz pediu à criança que repetisse três vezes o que havia dito. Ela parecia não acreditar no que ouvira. Conversando depois, com o meu colega de classe, a bibliotecária disse a ele que guardasse aquele momento para sempre, pois ela o guardaria. Eu diria que mais do que guardar, é preciso, trabalhar para que ele aconteça de verdade, em muitas outras escolas pelo país. Eu o considero histórico mesmo. Desejo que não seja único e sim o primeiro de muitos que virão. Quanto mais profissionais bibliotecários existirem mais fortes nos tornaremos como classe e como cidadãos.
E o melhor de tudo é que está é uma história real, sinaliza que tempos melhores, não virão, já estão entre nós. Não os percamos de vista, nem os deixemos passar displicentemente. Comprometamo-nos com nossa causa muita válida: a democratização da informação como forma de trazer todos para um lugar ao sol sem distinção.
Sendo assim, espero que estas boas notícias se espalhem como visgo, e nos reanimem e façam com que nos movamos no sentido de valorizar o que somos, lutar por nossos ideais e acreditemos na verdadeira importância de nosso trabalho na vida das pessoas.
Do meu coração para o seu, Maria Inês, Graduanda de Biblioteconomia (2006-2009) - Centro Universitário de Formiga – UNIFOR-MG - Março de 2009
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